terça-feira, 26 de novembro de 2013

O REI DO ARROZ II

Cel.PEDRO OSÓRIO 


“O seu sadio idealismo, cívicas, filantrópicas e industriais vibrações, determinaram para Pelotas maravilhosas renascença. Para essas paragens convergiu gente da circunvizinhança. Povoou o deserto e, às margens do Pelotas e Piratini, se levantaram as choupanas onde, até hoje, reinam ordem, paz e felicidade, outorgadas aos agricultores pelo trabalho diuturno e honesto” (Visão Panorâmica de Pelotas).

A partir do sucesso nas lavouras do Cascalho, foram aumentando visìvelmente as plantações do Cel.Pedro Osório, multiplicadas as lavouras e, aos poucos, constituidas as inúmeras e vitoriosas sociedades. 

Vencida a primeira etapa, Pedro Osório organizou granjas, constituiu novas firmas, elevou as sementeiras a milhares de sacos, e voltou suas vistas para o beneficiamento do produto, para a melhoria das terras pela aplicação do adubo, para a seleção dos tipos e para os meios de transporte.

Espírito empreendedor e altruísta, o Cel.Pedro Osório não procurou guardar só para sí a fonte de lucros vislumbrada. Estendeu suas lavouras, organizando-as em firmas autônomas, compreendendo seu profundo alcance econômico-social. Adquirindo várias granjas no Retiro, Arroio Grande, Tapes, etc, associou-se tambem a diversos industrialistas e pecuaristas da época que desejavam tentar a rizicultura, destacando-se João Schild, Francisco Borba, João Simões Lopes, João Ribas, alem de muitos outros.

“Haviam atingido a enorme extensão de 1.150 ha, em 6 anos, as culturas de arroz empreendidas por Pedro Osório e iniciadas em 1907 com 30 ha(A cidade de Pelotas, Fernando Osório Fº, pág.239).

Deu sociedade aos seus administradores residentes, homens afeitos ao trabalho da terra, ao invés de mantê-los como simples empregados, criando diversas empresas arrozeiras, nas quais êle era o único sócio capitalista. Nem sempre foram bem sucedidas, algumas sofrendo revezes com apreciáveis prejuízos mas, se estes eram causados por circunstâncias que independiam da administração, era Pedro Osório que, embora atingido pela maior perda, animava seus auxiliares a perseverarem no nobre trabalho da lavoura, fornecendo novos elementos para a empresa prejudicada, ou fazendo procurar outras terras que reunissem melhores condições de êxito, por vezes ampliando consideràvelmente a área cultivada.
           
Assim foram consolidadas as primeiras firmas arrozeiras chefiadas pelo Cel.Pedro Osório as quais, na safra de 1914 numa área cultivada de cerca de 1200 ha, colheram algo mais de 60 mil sacos de arroz. No ano anterior (1913) o técnico Henrique Semler, contratado pelo Ministério da Agricultura, tendo visitado nosso Estado, assim se manifestara em relatório apresentado ao Ministro dr.Pedro de Toledo:

“Os arrozais do Cel.Pedro Osório, a 20 km de Pelotas, pela área cultivada (cerca de 800 ha), maquinismos empregados no preparo do solo, sementeira, ceifa, debulha, secagem e beneficiamento do arroz, são considerados os melhores do Brasil”.


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Cel.PEDRO OSÓRIO: O TROPEIRO QUE SE FEZ REI


Ontem, na Biblioteca Pública de Pelotas, a partir das 18h, VERA RHEINGANTZ ABUCHAIM autografou sua excelente obra sobre a vida do importante empresário e político, seu bisavô, PEDRO LUIS DA ROCHA OSÓRIO.

Quase duas centenas de pessoas, parentes e amigos, valorizaram o minucioso livro, premiando Vera pelo seu dedicado e completo trabalho. Na entrada, belos painéis com fotos ilustram parte do seu trabalho
 
 

O título "O TROPEIRO QUE SE FEZ REI" retrata o conteúdo do livro, da vida deste valoroso gaúcho sobrinho do General Osório, citado por Darcy Rebello:

No fastígio da árvore da família Osório, secular, sobrepairam o vulto de Osório – guerreiro e general – e, pouco mais abaixo, o espírito dos dois Fernandos – repúblicos e historiadores – ao lado de Pedro Osorio - que foi grande pelo trabalho e pelo coração.”

Presença do prefeito Eduardo Leite, da vice-prefeita Paula S.L.Mascarenhas, dos irmãos, filhos, netos, genro e noras de Vera, e de primos descendentes de Pedro Osório, amigos da autora e admiradores desse valoroso gaúcho foi muito agradável.



Vera com Luiz Rechsteiner, o bisneto mais velho de Pedro Osório,
 sua espôsa Naná e filhos (tetranetos)



A tetraneta de P.Osório, Izabel, com a pentaneta Ana Carolina

terça-feira, 25 de junho de 2013

O REI DO ARROZ



      Pedro Osório, com diversas charqueadas e estâncias bem sucedidas, entrou para a cultura e beneficiamento do arroz por julgar ser o momento de aproveitar as ótimas terras gaúchas para esse cereal que teve, no Brasil, o primeiro país da América do Sul a cultivá-lo (início do século XIX) embora sendo um dos últimos a produzi-lo em abundância. Antes do arroz, a riqueza do Rio Grande do Sul, por muitos anos, foi quase exclusivamente o charque e a pecuária, não se podendo dizer exatamente onde termina o ciclo do charque e onde começa o ciclo do arroz.
Outros o precederam, desde o século XVIII pequenas culturas sem expressão econômica existiram ocasionalmente nos estados do norte e algumas tentativas no início do século XX influíram como precursoras de sua iniciativa, mas cabe-lhe, incontestàvelmente, destacado lugar entre os pioneiros da lavoura arrozeira gaúcha, e a mais culminante posição pelo arrojo dos empreendimentos, pela persistência de propósitos diante de dificuldades aparentemente insuperáveis, e pelo esforço incansável em busca de conhecimentos técnicos para aperfeiçoamento dos métodos de cultura.

Pedro Osório revisando o arroz colhido

Em 1907 iniciava o Cel.Pedro Osório seu primeiro arrozal, sob os cuidados do sr.Francisco Malaquias de Borba, semeando trinta sacos à margem direita do Arroio Pelotas, em seu estabelecimento denominado “Cascalho”, a montante do local onde, três anos antes, fôra lançada a primeira lavoura arrozeira do sul do Estado e de propriedade de Irmão Lang & Saenger. Irrigada deficientemente por falta de nivelamento adequado, carente de indispensáveis preceitos técnicos, a lavoura de Pedro Osório produziu reduzida colheita e grande prejuízo.
Encurtando despesas e persistindo no empirismo, contratou engenheiro e fez estudar uma área quase três vezes maior que a inicial, onde não obtivera resultados satisfatórios, construindo canais e calhas no primeiro “levante” utilizado para irrigação no Brasil de que se tem notícias (local conhecido como “quadrinha”, no Cascalho, com as bases até hoje visíveis), esgotos e entaipamentos, e lançou à terra mais de cem sacos de sementes, dando à área em cultivo irrigação adequada e os cuidados necessários. A colheita abundante foi o justo prêmio de sua inteligente perseverança.

Sob a firma Osório & Schild começou verdadeiramente o trabalho, ainda no Cascalho, administrada pelo sócio João Schild, cuja plantação elevou-se a 300 sacos de sementes. Nas várzeas do Cascalho, da Galatéia e do Liscano, onde Pedro Osório criava gado, surgiram audaciosas e imponentes lavouras.
Daí por diante foram aumentando visìvelmente suas plantações, multiplicadas as lavouras e, aos poucos, constituídas as sociedades. Vencida a primeira etapa, Pedro Osório organizou granjas, constituiu novas firmas, elevou as sementeiras a milhares de sacos, e voltou suas vistas para o beneficiamento do produto, para a melhoria das terras pela aplicação do adubo, para a seleção dos tipos, e para os meios de transporte. 
Esta postagem está baseada nos livro "O Tropeiro que se Fez Rei, de Vera R.Abuchaim", e que está impresso e pronto para o lançamento em breve, e "Dr.Oscar, do autor deste blog", a ser lançado em 2014.
Visite, do mesmo autor:

www.familiarheingantz.blogspot.com , www.arroiopelotas.blogspot.com , www.canilhelomar.blogspot.com e www.blogdojerseyrs.blogspot.com .

sábado, 6 de abril de 2013

UM GRANDE CHARQUEADOR III

Óleo de Galli, 1930, da Associação Rural de Pelotas


 Cel.Pedro Luis da Rocha Osório



Os anos passaram e aumentaram as charqueadas nas zonas da Fronteira e da Serra, a safra de 1914 atingindo 323.362 rezes, tocando a Pelotas um movimento de 72.232 cabeças. Novamente a maior matança coube a Pedro Osório & Cia. (26.300 rezes).







O cel.Pedro Osório presidiu a memorável sessão de 30 de julho de 1928, quando os Charqueadores do Rio Grande do Sul fundaram o seu Sindicato, êle eleito seu primeiro presidente.

De 1929 a 1930 a matança pelotense de bovinos para o charque ocupava a 3ª posição, com o abate de 953.869 cabeças.
           
No ano do falecimento do cel.Pedro Osório, 1931, sua charqueada era a de maior produção em Pelotas e na Serra, tendo o seu labor como charqueador atingido a zona da pequena propriedade rural. Pedro Osório sabia escolher seus sócios e altos servidores, tendo todos êles sido vitoriosos profissionalmente.
           
O cel.Pedro Osório tambem foi charqueador em Quarai e Júlio de Castilhos, fazendo parte da firma Osório, Abrantes & Cia., composta dos sócios cel.Pedro Osório, João G.Abrantes e Mário Franco de Abreu. Esta firma adquiriu a charqueada São José, que já havia pertencido aos industrialistas srs.José Moreira Machado e José Del Fabro. Com a morte de Pedro Osório, sua cota passou para os herdeiros, passando a fazer parte o sr.Ernesto Franco de Abreu.
           
25 de outubro de 1912 - Correio do Povo, P.Alegre/RS
Há um fato digno de registro ocorrido em 1917, alusivo à matança para o charque em diversos estabelecimentos, dos quais o cel.Pedro Osório era a principal figura. A matança formou um total de 91.687 cabeças, só registrado nos grandes frigoríficos do Rio Grande do Sul, sendo eles Pedro Osório, Abreu & Cia. - Tupanciretã (36.536 cab.), Pedro Osório & Cia. - Pelotas (30.958 cab.), Osório, Rocha & Cia. - Quaraí (13.693 cab.) e Guerreiro & Cia. - Caxias (10.500 cab.).

Resumindo quarenta anos de luta e de trabalho em prol da indústria do charque, pode-se dizer indicando o novo caminho a ser trilhado e abrindo novos horizontes à nossa emancipação econômica:
1929 - Pedro Luis da Rocha Osório

 “Com Pedro Osorio à frente a indústria saladeril alcançou, em intensidade, o mesmo brilho e o mesmo esplendor daquela de José Pinto Martins. Que ao charque deve suceder a agricultura demonstrou-o a atividade ímpar, o dinamismo magnífico e realizador do imortal Cel.Pedro Osorio” (conferencia dr.Solon Macedônia Soares, Visão Panorâmica de Pelotas, 14/07/1936).

Alem das firmas onde êle teve interferência direta, existiram outras onde sua ação foi fecunda, dentre as quais Guerreiro & Cia., em Caxias, da qual Alfredo R.da Costa, em “O Rio Grande do Sul”, diz o seguinte:

“Concorre tambem para o desenvolvimento industrial do município uma charqueada da firma em comandita Guerreiro & Cia., com o capital de 1.000:000$000 rs., e que abateu em 1921 cêrca de 20.000 bovinos”...

 

  Texto adaptado dos livros a serem brevemente impressos: "O Tropeiro que se fez Rei", de Vera R.Abuchaim, e “Dr.Oscar”, do autor deste blog.


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

UM GRANDE CHARQUEADOR - II

Churrasco com os tropeiros

Depois da safra de 1896, Pedro Osório passou a explorar a charqueada do tenente coronel Alfredo Augusto Braga, nas proximidades da Tablada e, numa atividade sempre crescente, na safra de 1898 já operava com o estabelecimento denominado “Pelotas”, sob a administração do sr.Bernardino dos Santos, ano em que o jornal “A Pátria Nova”, de São Gabriel, noticiava que “os maiores preços da safra do boi gordo eram pagos em Pelotas, pelo industrialista cel.Pedro Luiz da Rocha Osório, oscilando em 130$000 o mais alto.” Na safra de 1889 a 1890 foram abatidas milhares de reses para o charque em Pelotas. Na Tablada, local pelotense de atuação de vários corretores, homens de projeção social na venda de tropas de gado, era grande o prestígio de Pedro Osório com a passagem, em 1890, de 406.976 cabeças e, no ano seguinte, 350.011 entre novilhos e vacas de cria.

Geralmente a charqueada do cel.Pedro Osório, à margem do arroio Pelotas, iniciava a safra no município. As tropas eram apresentadas na Tablada, das 8 às 10 horas da manhã, segundo convenio firmado.

Na relação da matança safra 1905, e nas anteriores, Pedro Osório & Cia. foi a empresa de maior destaque com 32.850 rezes, seguida de Tamborindeguy & Cia. (22.348), Brutus Almeida & Filhos (20.070), Silva Tavares & Cia. (15.083), e a mais baixa foi a de Lacerda & Cia. (4.480), no total de 10 firmas operando.

Em 1907 outros setores do Estado foram beneficiados pelo desenvolvimento empolgante da firma Pedro Osório, Abreu & Cia., constituída pelos sócios Pedro Luis da Rocha Osório, Alberto Roberto Rosa e Carlos Gomes de Abreu. Na instalação do estabelecimento em Tupanciretã é interessante assinalar que repetidas coincidencias funestas ocorreram, com o ânimo de Pedro Osório posto à prova a inauguração ocorreu sòmente na 4ª tentativa.

A filial criada por Pedro Osório em Tupanciretã (1907) ainda associado ao cel.Alberto Roberto Rosa, sob administração de seu antigo funcionário Carlos Gomes de Abreu, pioneira na região Serrana, a partir de 1908 passando à firma Pedro Osório, Abreu & Cia., trouxe um surto assombroso de progresso e, a seu lado, foram erguidas em 1913 mais duas fábricas visando o aproveitamento dos produtos excedentes da indústria do charque e a industrialização de carnes atraves de conservas. Em 1916 foi adminitido nesta firma comercial o sr.Indalécio Osório da Rocha, sobrinho de Pedro Osório, que fôra durante anos administrador interno do estabelecimento São Gonçalo. Em 1917, o cel.Carlos Gomes de Abreu já era seu sócio, passando a firma em 1920 a contar com mais dois associados: os coronéis Marcial Terra e Laudelino Barcelos. Esta charqueada não trouxe apenas resultados monetários: Tupanciretã, naquela época apenas um povoado muito pequeno pertencente aos municípios de Cruz Alta e Júlio de Castilhos, obteve considerável impulso, começando sua economia a acentuar-se dia a dia, tornando-a uma das localidades mais futurosas em nosso Estado; alem de explorar a indústria da carne enlatada, exportando em grandes quantidades, dedicou-se ao aproveitamento dos sub-produtos, fabricando sabão e vela, cuja produção se elevou a milhares de toneladas. Após 33 anos de sociedade com seu velho amigo, o sócio Alberto Roberto Rosa afastou-se da vida comercial. A firma de Tupanciretã passou a girar sob nova razão social: Osório, Abreu, Terra & Cia., com os sócios cel.Carlos Gomes de Abreu, Marcial Gonçalves Terra e Laudelino Flores de Barcellos, prosseguindo no mesmo ramo de negócio e com resultados amplamente satisfatórios. Na época do falecimento de Pedro Osório, em 1931, esta charqueada girava sob a razão social de Osório & Terra. Tupanciretã muito deve ao cel.Pedro Luiz da Rocha Osório, quer na sua emancipação política como no seu desenvolvimento industrial e comercial, tanto assim que lá foi batizada uma bela praça com seu nome e uma herma daquele operoso riograndense foi erguida, sendo considerado pelo povo “o fundador da cidade”.

O cel.Pedro Osório tambem adquiriu em Pelotas uma charqueada no Areal, na época pertencente ao sr.Bernardino Rodrigues Barcelos, e a charqueada da Costa, fundada por Domingos José de Almeida, mais tarde demolida e reconstruída por Venceslau José Gomes, que a passou a Junius Brutus Cassio de Almeida, depois à Cia.Pastoril e Industrial do Sul do Brasil, adquirida pelo Cel.Pedro Osório e, finalmente, passada a João J.Moreira. Pedro Osório tambem teve charqueada sobre a margem esquerda do canal do São Gonçalo.







Texto e foto baseados nos livros por editar: "O Tropeiro que se fez Rei, de Vera Rheingantz Abuchaim", e "Dr.Oscar, deste bloguista".








sábado, 18 de agosto de 2012

UM GRANDE CHARQUEADOR

Pedro Luis da Rocha Osório e Maria Cecília

O comércio foi a primeira atividade prática de Pedro Osório, encontrando na industrialização e comércio do charque a sua própria personalidade. Soube transmitir a seus chefes suas apreciadas qualidades de administrador e técnico na famosa indústria da qual Pelotas foi o maior centro graças à iniciativa tomada pelo cearense José Pinto Martins (já em 1808 figurando como grande explorador e comerciante do charque).

O segundo período da vida comercial de Pedro Osório começou na nova firma Costa & Netto, após dissolvida a sociedade deles com o Baräo do Arroio Grande assumindo o seu lugar. Nas duas primeiras safras (1878 e 1879), tendo como administrador interno o sr.João Antônio Netto, perito na técnica da indústria do charque, completaram-se seus conhecimentos. Daí para a frente, sob a orientação inteligente e amiga do Barão do Arroio Grande, Pedro Osório revelou-se um industrialista de futuro. Esta firma durou dois anos, suficientes para que Francisco Antunes soubesse ter em Pedro Osório um empregado com apreciáveis qualidades, escrupuloso capricho, grande correção no trabalho e integridade de caráter.

Convidado para sócio da indústria, ficando-lhe assegurado 1/3 nos lucros, Pedro Osório aceitou, progredindo cada vez mais até o fim da safra de 1885 quando, já com bastante experiência e contando com um capital de dezoito contos de réis, lançou-se por conta própria na industrialização da carne.
Pedro Osório conseguiu contagiar com o seu entusiasmo ao comendador Antonio da Costa Correa Leite e a Antonio Rodrigues Cordeiro, que não lhe negaram o amparo em nenhum momento, tendo-lhe o primeiro posto à disposição todos os recursos necessários para a consecução dos seus planos.

Contando com a confiança desses dois homens Pedro Osório inicia, em 1886, a sua primeira indústria, comprando do sr.Leonídio Antero da Silveira o estabelecimento denominado Cascalho, em dois anos conseguindo fazê-lo funcionar apesar dos baixos preços vigorantes para o charque, multiplicando várias vezes o magro capital com que começara. Ao encerrar-se o balanço da safra de 1887, Pedro Osório havia elevado a cento e treze contos de réis o seu capital, dando-lhe um alto conceito no comércio exportador do charque e aumentando sua ação no setor.
Frente da Casa do Cascalho, sul, ...

... e sua lateral oeste.

No mesmo ano em que Deodoro implantava a República, e que em todo o Brasil era intenso o movimento dos legionários da Ordem e do Progresso, Pedro Osório prosseguia a política saladeril, constituindo a firma “Pedro Osório & Cia.”, em parceria que se estendeu até 1922 com o cel.Alberto Rosa, destinada a explorar o ramo de charqueadas e tudo o que se relacionasse com a pecuária, dando a base definitiva à sua atividade industrial no charque, e mesmo os elementos para iniciar a cultura do arroz no município. Dali êle pode irradiar aquele tremendo movimento industrial que, não contente de ter renovado o progresso de Pelotas, em 1873 com 35 charqueadas, abarcando todo o Rio Grande, de Caxias a Tupanciretã, de Quaraí a Bagé, e aos confins dos municípios vizinhos. A partir daí foi muito acelerada a atividade desta importante firma. Em 1890 possuía armazéns em frente ao porto de Pelotas, e tomava a iniciativa de industrializar o boi em outras localidades do Estado.

No final de 1896 Pedro Osorio, Alberto Rosa e João Lopes Carvalho, sob a razão social de Rosa, Carvalho & Osorio, compraram da Companhia Pastoril Industrial Sul do Brasil, representada pelos síndicos Epaminondas Piratinino de Almeida e Conceição & Cia, a charqueada São Gonçalo, que passou a funcionar sob a administração do charqueador Pedro Lobo Vinhas. A estrutura completa possuia casa de moradia, galpões, mangueiras, currais, carroças, carrinhos de mão, balança, etc.

Ainda nesse ano Pedro Osorio & Cia comprou, da mesma firma, a Charqueada Solar da Figueira, situada na margem direita do Arroio Pelotas, nela havendo um casarão construído por Bernardino R. Barcellos para residência da família, ainda hoje existente e conhecida como “Colônia de Férias D. Branca Dias Mazza”.


Texto baseado nos livro por editar de autoria de Vera R.Abuchaim, O PEÃO QUE SE FEZ REI, e deste bloguista, Dr.OSCAR.

  
Churrascos e refeições gaudérias!!!



segunda-feira, 23 de julho de 2012

PEDRO LUIS DA ROCHA OSÓRIO - II


casa de Pedro Osório, doada para o funcionamento do atual  Colégio Pedro Osório
Pedro Osório participou como sócio comandatário da firma Echenique & Cia. para a fundação da “Livraria Universal”, na noite de 07 de dezembro de 1887, iniciada por seu grande amigo coronel Guilherme Echenique, por muitos anos a mais importante e movimentada casa de Pelotas incentivando a cultura através do livro com o sopro renovador das idéias. 

A Livraria Universal é, indiscutìvelmente, no gênero um estabelecimento que honra o Rio Grande do Sul e aos seus conceituados fundadores, que devem orgulhar-se de sua iniciativa (O Rio Grande do Sul, 1922)

Em 1897 um grupo de agrônomos chefiados por Guilherme Minssen fundou, em Pelotas, a “Revista Agrícola do Rio Grande do Sul”, iniciando uma campanha para a associação dos ruralistas gaúchos em defesa de seus interesses. Pedro Osorio apoiou a campanha, pois apoiava o associativismo como a melhor maneira de promover interesses recíprocos entre criadores e charqueadores, principalmente para formar uma aliança entre eles. 

Em 12 de outubro de 1898, no Liceu Rio-Grandense de Agronomia, com a participação do dr. José Cypriano Nunes Vieira, dr. Guilherme Minssen, dr. Francisco Araújo e dr. José Vaz Bento, foi apresentada a proposta de fundação da Sociedade Agrícola Pastoril do Rio Grande do Sul, com sede em Pelotas, cujo projeto de estatuto foi estudado e melhorado por comissão composta por Artur Maciel, G. Minssen e L. Leivas e, proposto pelo dr. Francisco Moreira, a diretoria provisória foi composta pela da revista Agrícola do Rio Grande do Sul. Primeira entidade fundada no estado, escolhido como presidente o dr. José Cypriano Nunes Vieira, assumiram os demais cargos: vice-presidente o dr. Artur Antunes Maciel, 1º secretário o dr. Antonio Soares Paiva, 2º secretário o dr. José Vaz Bento, e tesoureiro o tenente coronel João Antonio Pinheiro, com estatuto aprovado em 19 de outubro de 1898. Esta associação teve o mérito de unir republicanos e maragatos na defesa de seus interesses e recomendava, além da necessidade de associação da classe, a melhoria dos rebanhos pelo refinamento e seleção de animais. Também a ela Pedro Osorio abriu seu bolso e ofereceu seu prestigio.
Dr.José Cypriano Nunes Vieira

             Pedro Osório incentivou e investiu na firma Vieira & Candiota, adquirindo a casa de armarinhos “A Luva Prêta” que, com sua participação, prosseguiu no mesmo ramo de comércio.

Pedro Osório, em pouco menos de 15 anos, passou de último caixeiro de uma casa de fazendas a industrial do charque, preparando conscientemente as situações, jamais sendo enganado por elas, valendo-lhe aquele temperamento especial desse povo açoriano “dotado de natural vivacidade, trabalhador, franco, liberal, hospitaleiro, generoso, alegre, expansivo, morigerado, caritativo, vigoroso e sóbrio, povo que odeia a vida militar mas no campo de batalha é fiel à disciplina e dá provas de valor” (hist.do Gen.Osório, pág.43), e que “manejava tão bem o arado na terra como o sextante e o leme em alto mar”.
           
            Educado numa escola de homens experimentados, Pedro Osório seguiu-lhes o exemplo e, quando tentou sua primeira iniciativa por conta própria, a simples mostra do seu passado foi fundamental para o Comendador Corrêa Leite ceder-lhe todo o capital necessário para a empresa substituindo, na sua confiança, o financiamento de um banco inexistente.
Pedro Osório, por volta de 1907








www.blogdojerseyrs.blogspot.com  




Obs: o texto desta postagem está baseado nos livros de Vera Abuchainor e deste bloguista, a serem brevemente editados, com a biografia do Cel.Pedro Osório e de Oscar Rheingantz & Ascendentes, respectivamente.