segunda-feira, 17 de setembro de 2012

UM GRANDE CHARQUEADOR - II

Churrasco com os tropeiros

Depois da safra de 1896, Pedro Osório passou a explorar a charqueada do tenente coronel Alfredo Augusto Braga, nas proximidades da Tablada e, numa atividade sempre crescente, na safra de 1898 já operava com o estabelecimento denominado “Pelotas”, sob a administração do sr.Bernardino dos Santos, ano em que o jornal “A Pátria Nova”, de São Gabriel, noticiava que “os maiores preços da safra do boi gordo eram pagos em Pelotas, pelo industrialista cel.Pedro Luiz da Rocha Osório, oscilando em 130$000 o mais alto.” Na safra de 1889 a 1890 foram abatidas milhares de reses para o charque em Pelotas. Na Tablada, local pelotense de atuação de vários corretores, homens de projeção social na venda de tropas de gado, era grande o prestígio de Pedro Osório com a passagem, em 1890, de 406.976 cabeças e, no ano seguinte, 350.011 entre novilhos e vacas de cria.

Geralmente a charqueada do cel.Pedro Osório, à margem do arroio Pelotas, iniciava a safra no município. As tropas eram apresentadas na Tablada, das 8 às 10 horas da manhã, segundo convenio firmado.

Na relação da matança safra 1905, e nas anteriores, Pedro Osório & Cia. foi a empresa de maior destaque com 32.850 rezes, seguida de Tamborindeguy & Cia. (22.348), Brutus Almeida & Filhos (20.070), Silva Tavares & Cia. (15.083), e a mais baixa foi a de Lacerda & Cia. (4.480), no total de 10 firmas operando.

Em 1907 outros setores do Estado foram beneficiados pelo desenvolvimento empolgante da firma Pedro Osório, Abreu & Cia., constituída pelos sócios Pedro Luis da Rocha Osório, Alberto Roberto Rosa e Carlos Gomes de Abreu. Na instalação do estabelecimento em Tupanciretã é interessante assinalar que repetidas coincidencias funestas ocorreram, com o ânimo de Pedro Osório posto à prova a inauguração ocorreu sòmente na 4ª tentativa.

A filial criada por Pedro Osório em Tupanciretã (1907) ainda associado ao cel.Alberto Roberto Rosa, sob administração de seu antigo funcionário Carlos Gomes de Abreu, pioneira na região Serrana, a partir de 1908 passando à firma Pedro Osório, Abreu & Cia., trouxe um surto assombroso de progresso e, a seu lado, foram erguidas em 1913 mais duas fábricas visando o aproveitamento dos produtos excedentes da indústria do charque e a industrialização de carnes atraves de conservas. Em 1916 foi adminitido nesta firma comercial o sr.Indalécio Osório da Rocha, sobrinho de Pedro Osório, que fôra durante anos administrador interno do estabelecimento São Gonçalo. Em 1917, o cel.Carlos Gomes de Abreu já era seu sócio, passando a firma em 1920 a contar com mais dois associados: os coronéis Marcial Terra e Laudelino Barcelos. Esta charqueada não trouxe apenas resultados monetários: Tupanciretã, naquela época apenas um povoado muito pequeno pertencente aos municípios de Cruz Alta e Júlio de Castilhos, obteve considerável impulso, começando sua economia a acentuar-se dia a dia, tornando-a uma das localidades mais futurosas em nosso Estado; alem de explorar a indústria da carne enlatada, exportando em grandes quantidades, dedicou-se ao aproveitamento dos sub-produtos, fabricando sabão e vela, cuja produção se elevou a milhares de toneladas. Após 33 anos de sociedade com seu velho amigo, o sócio Alberto Roberto Rosa afastou-se da vida comercial. A firma de Tupanciretã passou a girar sob nova razão social: Osório, Abreu, Terra & Cia., com os sócios cel.Carlos Gomes de Abreu, Marcial Gonçalves Terra e Laudelino Flores de Barcellos, prosseguindo no mesmo ramo de negócio e com resultados amplamente satisfatórios. Na época do falecimento de Pedro Osório, em 1931, esta charqueada girava sob a razão social de Osório & Terra. Tupanciretã muito deve ao cel.Pedro Luiz da Rocha Osório, quer na sua emancipação política como no seu desenvolvimento industrial e comercial, tanto assim que lá foi batizada uma bela praça com seu nome e uma herma daquele operoso riograndense foi erguida, sendo considerado pelo povo “o fundador da cidade”.

O cel.Pedro Osório tambem adquiriu em Pelotas uma charqueada no Areal, na época pertencente ao sr.Bernardino Rodrigues Barcelos, e a charqueada da Costa, fundada por Domingos José de Almeida, mais tarde demolida e reconstruída por Venceslau José Gomes, que a passou a Junius Brutus Cassio de Almeida, depois à Cia.Pastoril e Industrial do Sul do Brasil, adquirida pelo Cel.Pedro Osório e, finalmente, passada a João J.Moreira. Pedro Osório tambem teve charqueada sobre a margem esquerda do canal do São Gonçalo.







Texto e foto baseados nos livros por editar: "O Tropeiro que se fez Rei, de Vera Rheingantz Abuchaim", e "Dr.Oscar, deste bloguista".








sábado, 18 de agosto de 2012

UM GRANDE CHARQUEADOR

Pedro Luis da Rocha Osório e Maria Cecília

O comércio foi a primeira atividade prática de Pedro Osório, encontrando na industrialização e comércio do charque a sua própria personalidade. Soube transmitir a seus chefes suas apreciadas qualidades de administrador e técnico na famosa indústria da qual Pelotas foi o maior centro graças à iniciativa tomada pelo cearense José Pinto Martins (já em 1808 figurando como grande explorador e comerciante do charque).

O segundo período da vida comercial de Pedro Osório começou na nova firma Costa & Netto, após dissolvida a sociedade deles com o Baräo do Arroio Grande assumindo o seu lugar. Nas duas primeiras safras (1878 e 1879), tendo como administrador interno o sr.João Antônio Netto, perito na técnica da indústria do charque, completaram-se seus conhecimentos. Daí para a frente, sob a orientação inteligente e amiga do Barão do Arroio Grande, Pedro Osório revelou-se um industrialista de futuro. Esta firma durou dois anos, suficientes para que Francisco Antunes soubesse ter em Pedro Osório um empregado com apreciáveis qualidades, escrupuloso capricho, grande correção no trabalho e integridade de caráter.

Convidado para sócio da indústria, ficando-lhe assegurado 1/3 nos lucros, Pedro Osório aceitou, progredindo cada vez mais até o fim da safra de 1885 quando, já com bastante experiência e contando com um capital de dezoito contos de réis, lançou-se por conta própria na industrialização da carne.
Pedro Osório conseguiu contagiar com o seu entusiasmo ao comendador Antonio da Costa Correa Leite e a Antonio Rodrigues Cordeiro, que não lhe negaram o amparo em nenhum momento, tendo-lhe o primeiro posto à disposição todos os recursos necessários para a consecução dos seus planos.

Contando com a confiança desses dois homens Pedro Osório inicia, em 1886, a sua primeira indústria, comprando do sr.Leonídio Antero da Silveira o estabelecimento denominado Cascalho, em dois anos conseguindo fazê-lo funcionar apesar dos baixos preços vigorantes para o charque, multiplicando várias vezes o magro capital com que começara. Ao encerrar-se o balanço da safra de 1887, Pedro Osório havia elevado a cento e treze contos de réis o seu capital, dando-lhe um alto conceito no comércio exportador do charque e aumentando sua ação no setor.
Frente da Casa do Cascalho, sul, ...

... e sua lateral oeste.

No mesmo ano em que Deodoro implantava a República, e que em todo o Brasil era intenso o movimento dos legionários da Ordem e do Progresso, Pedro Osório prosseguia a política saladeril, constituindo a firma “Pedro Osório & Cia.”, em parceria que se estendeu até 1922 com o cel.Alberto Rosa, destinada a explorar o ramo de charqueadas e tudo o que se relacionasse com a pecuária, dando a base definitiva à sua atividade industrial no charque, e mesmo os elementos para iniciar a cultura do arroz no município. Dali êle pode irradiar aquele tremendo movimento industrial que, não contente de ter renovado o progresso de Pelotas, em 1873 com 35 charqueadas, abarcando todo o Rio Grande, de Caxias a Tupanciretã, de Quaraí a Bagé, e aos confins dos municípios vizinhos. A partir daí foi muito acelerada a atividade desta importante firma. Em 1890 possuía armazéns em frente ao porto de Pelotas, e tomava a iniciativa de industrializar o boi em outras localidades do Estado.

No final de 1896 Pedro Osorio, Alberto Rosa e João Lopes Carvalho, sob a razão social de Rosa, Carvalho & Osorio, compraram da Companhia Pastoril Industrial Sul do Brasil, representada pelos síndicos Epaminondas Piratinino de Almeida e Conceição & Cia, a charqueada São Gonçalo, que passou a funcionar sob a administração do charqueador Pedro Lobo Vinhas. A estrutura completa possuia casa de moradia, galpões, mangueiras, currais, carroças, carrinhos de mão, balança, etc.

Ainda nesse ano Pedro Osorio & Cia comprou, da mesma firma, a Charqueada Solar da Figueira, situada na margem direita do Arroio Pelotas, nela havendo um casarão construído por Bernardino R. Barcellos para residência da família, ainda hoje existente e conhecida como “Colônia de Férias D. Branca Dias Mazza”.


Texto baseado nos livro por editar de autoria de Vera R.Abuchaim, O PEÃO QUE SE FEZ REI, e deste bloguista, Dr.OSCAR.

  
Churrascos e refeições gaudérias!!!



segunda-feira, 23 de julho de 2012

PEDRO LUIS DA ROCHA OSÓRIO - II


casa de Pedro Osório, doada para o funcionamento do atual  Colégio Pedro Osório
Pedro Osório participou como sócio comandatário da firma Echenique & Cia. para a fundação da “Livraria Universal”, na noite de 07 de dezembro de 1887, iniciada por seu grande amigo coronel Guilherme Echenique, por muitos anos a mais importante e movimentada casa de Pelotas incentivando a cultura através do livro com o sopro renovador das idéias. 

A Livraria Universal é, indiscutìvelmente, no gênero um estabelecimento que honra o Rio Grande do Sul e aos seus conceituados fundadores, que devem orgulhar-se de sua iniciativa (O Rio Grande do Sul, 1922)

Em 1897 um grupo de agrônomos chefiados por Guilherme Minssen fundou, em Pelotas, a “Revista Agrícola do Rio Grande do Sul”, iniciando uma campanha para a associação dos ruralistas gaúchos em defesa de seus interesses. Pedro Osorio apoiou a campanha, pois apoiava o associativismo como a melhor maneira de promover interesses recíprocos entre criadores e charqueadores, principalmente para formar uma aliança entre eles. 

Em 12 de outubro de 1898, no Liceu Rio-Grandense de Agronomia, com a participação do dr. José Cypriano Nunes Vieira, dr. Guilherme Minssen, dr. Francisco Araújo e dr. José Vaz Bento, foi apresentada a proposta de fundação da Sociedade Agrícola Pastoril do Rio Grande do Sul, com sede em Pelotas, cujo projeto de estatuto foi estudado e melhorado por comissão composta por Artur Maciel, G. Minssen e L. Leivas e, proposto pelo dr. Francisco Moreira, a diretoria provisória foi composta pela da revista Agrícola do Rio Grande do Sul. Primeira entidade fundada no estado, escolhido como presidente o dr. José Cypriano Nunes Vieira, assumiram os demais cargos: vice-presidente o dr. Artur Antunes Maciel, 1º secretário o dr. Antonio Soares Paiva, 2º secretário o dr. José Vaz Bento, e tesoureiro o tenente coronel João Antonio Pinheiro, com estatuto aprovado em 19 de outubro de 1898. Esta associação teve o mérito de unir republicanos e maragatos na defesa de seus interesses e recomendava, além da necessidade de associação da classe, a melhoria dos rebanhos pelo refinamento e seleção de animais. Também a ela Pedro Osorio abriu seu bolso e ofereceu seu prestigio.
Dr.José Cypriano Nunes Vieira

             Pedro Osório incentivou e investiu na firma Vieira & Candiota, adquirindo a casa de armarinhos “A Luva Prêta” que, com sua participação, prosseguiu no mesmo ramo de comércio.

Pedro Osório, em pouco menos de 15 anos, passou de último caixeiro de uma casa de fazendas a industrial do charque, preparando conscientemente as situações, jamais sendo enganado por elas, valendo-lhe aquele temperamento especial desse povo açoriano “dotado de natural vivacidade, trabalhador, franco, liberal, hospitaleiro, generoso, alegre, expansivo, morigerado, caritativo, vigoroso e sóbrio, povo que odeia a vida militar mas no campo de batalha é fiel à disciplina e dá provas de valor” (hist.do Gen.Osório, pág.43), e que “manejava tão bem o arado na terra como o sextante e o leme em alto mar”.
           
            Educado numa escola de homens experimentados, Pedro Osório seguiu-lhes o exemplo e, quando tentou sua primeira iniciativa por conta própria, a simples mostra do seu passado foi fundamental para o Comendador Corrêa Leite ceder-lhe todo o capital necessário para a empresa substituindo, na sua confiança, o financiamento de um banco inexistente.
Pedro Osório, por volta de 1907








www.blogdojerseyrs.blogspot.com  




Obs: o texto desta postagem está baseado nos livros de Vera Abuchainor e deste bloguista, a serem brevemente editados, com a biografia do Cel.Pedro Osório e de Oscar Rheingantz & Ascendentes, respectivamente.  

quinta-feira, 28 de junho de 2012

PEDRO LUIS DA ROCHA OSÓRIO


                Pedro Luis da Rocha Osório, sobrinho do Marechal de Campo Manuel Luis Osório (Marquês do Herval), nasceu em 9 de junho de 1854 na estância de seus pais, Major José Luis Osorio e D.Florinda da Rocha, em Caçapava do Sul-RS.

Pedro Osório, por volta de 1962
            Criado livremente na “Sentinela dos Cerros”, antes povoado de Nossa Senhora da Assunção de Caçapava, estudou e completou o curso primário na única escola lá existente, a primeira em terras gaúchas, fundada por um dos filhos do Cel.Tomaz Luis Osório (primeiro donatário das terras de Pelotas), dirigida pelo professor Pedro Pereira Maciel, admirado e citado por Pedro Osório por tôda sua existência. Sua infância foi interrompida aos doze anos de idade, com a perda dos pais, pouco recendo de herança. Deu carta de alforria aos escravos que lhe couberam, assim como seus irmãos também o fizeram.

Começou a trabalhar em Caçapava, como tropeiro-viajante, indo para Pelotas, capital da campanha e o grande centro comercial e industrial da época, ao completar dezessete anos. Lá chegando a 20 de junho de 1871, esperançoso e sem dinheiro, em julho empregou-se como último caixeiro na "casa de fazendas" de Januário Joaquim Amarante. Trabalhou sem nada ganhar por seis meses, em paga ao chamado “tributo da praticagem”, depois passando a receber vinte e cinco mil réis mensais. Obteve diversas promoções por merecimento, só deixando a firma em 1875, quando esta foi encerrada.

Logo aceitou convite do sr.Francisco Antunes Gomes da Costa, Barão do Arroio Grande, para trabalhar como caixeiro na sua charqueada do Arroio Pelotas. Para Pedro Osório, ainda jovem libertador de seus escravos, o clima da charqueada foi quase insuportável nos primeiros tempos. Apesar do espírito evoluído do barão, militante nas hostes liberais desde os seus vinte anos, o regime mantido na sua e nas outras organizações industriais era o da escravidão, com sacrifício de homens de liberdade contida.


Pedro Osório, na década de 1870
 Nessa velha charqueada escravagista, êle formou seus conhecimentos práticos sobre a indústria saladeril, em que se tornou mestre, e com o que na República, através do emprego daqueles mesmos homens, iria “concorrer para a solução do problema da incorporação do proletariado na sociedade moderna” (Joaquim Osório, Diário Popular, abril de 1931). A partir daí dedicou-se à indústria do charque, sempre aperfeiçoando seus conhecimentos e progredindo espantosamente, até chegar a ser, provàvelmente, o maior charqueador do Rio Grande do Sul no final da era do charque, e um dos maiores industrialistas do estado.
            Manoel Rafael Vieira da Cunha e João Antonio Netto, sob cujas ordens no estabelecimento do Barão do Arroio Grande Pedro Osório trabalhou durante as safras de 1876 e 1877, souberam iniciá-lo na prática dessa indústria, pondo-o a par dos mínimos detalhes da profissão, dando-lhe tambem o exemplo do trabalho severo, metódico, organizado e produtivo. Quando se dissolveu a sociedade deles com o barão, Pedro Osório, tendo sido seu administrador e gerente, foi convidado a cooperar com o ex-sócio Costa, ocupando a cadeira de seus preceptores na nova firma, Costa & Netto. Auxíliando financeiramente a uns, guiando com sua experiência a outros, nunca negou ajuda a pessoas humildes, como êle o fora, como tambem despertava-lhes a vontade do trabalho, indispensável para o progresso de qualquer empreendimento.

óleo de Maria Cecília Tavares Pereira

       



 Não lhe passou desapercebida a sociedade feminina pelotense, cedendo ao encantamento da beleza morena de Maria Cecília Alves Pereira, inteligente e culta, filha do dr.Gervásio Alves Pereira e de d.Maria Cecilia Tavares Pereira, dotada de belíssima voz abrilhantando as maiores festas da cidade, principalmente aquelas de caridade.
Pedro Osório e Maria Cecília, 1891

         

   Casaram-se em 1891. Êle, chefe exemplar; ela, esposa dedicada, animadora de seus empreendimentos, sempre pronta a aplaudí-lo em suas ações, quer do amparo isolado, quer da colaboração às instituições que viessem beneficiar a coletividade, mas jamais restringindo o seu devotamento espontâneo exclusivamente ao lar: não havia, nessa cidade, uma única instituição beneficente que não contasse com seu apoio eficaz. 
      Tiveram cinco filhas: Maria, Alice, Cecília, Marina e Dora.

Texto adaptado dos livros por publicar "O Tropeiro que Virou Rei", de Vera R.Abuchaim, e "Dr.Oscar e seus Empreendedores Ascestrais", deste bloguista.










sexta-feira, 8 de junho de 2012

OS OSÓRIO - II


            Manuel Luis Osório veio a casar-se em 1780 com D.Anna Joaquina Osório, filha do seu benfeitor Tomas José Luis Osório (1753>1815) e Rosa Inácia Joaquina Pereira de Souza (1756>1831), neta paterna de José Antônio Cardoso Osório (1719>1780) de cuja esposa não se encontraram dados.  Apesar da oposição da rica madrinha, D.Quitéria de Barros (de quem Anna era herdeira) não aprovando o casamento, Anna Joaquina casou-se renunciando à fortuna de muitas terras, gado e escravos, passando à história como a mãe do General Osório, e avó do Coronel Pedro Osório.
Anna Joaquina Osório, uma grande mulher

Manuel Luis sempre foi um excelente soldado, alistando-se voluntáriamente quando D.Diogo de Souza organizava seu “Exército de Observação, mais tarde Pacificador”, voltando da campanha com uma cicatriz no rosto produzida pela lança de um índio minuano, mas com o posto de Capitão e condecoração por bravura. Foi o responsável pelo tiro de advertência que possibilitou a grande vitória de Catalão (1817), alem de ter participado na campanha da Independência do Brasil contra os portugueses sitiados em Montevidéo.  Nomeado Tenente Coronel da brigada de cavalaria em 1824, no ano seguinte passou a Comandante da Linha do Uruguai na Campanha Cisplatina, com seu nome na lista enviada pelo Conde de Laguna, Comandante-em-Chefe do exército brasileiro, recomendando a D.Pedro os oficiais que se haviam destacado por bravura e serviços prestados ao Reino. Manuel Luis, em conseqüência de ferimentos de guerra, pediu reforma, estabelecendo-se em Caçapava e lá comprando uma chácara. Foi vereador e presidente da primeira Câmara Municipal de Caçapava, alem de Juiz de Paz, sendo respeitado por sua sensatez e espírito de justiça. Junto com os filhos no combate de Rosário, seu último feito de armas, pouco sobreviveu à sua vitória: faleceu em 1836 atacado por grave enfermidade derivada de graves ferimentos.
            Anna Joaquina era uma mulher decidida, ativa e trabalhadora, assumindo a lavoura na falta do marido, encarregando-se tambem da venda da colheita. Não se descuidava, porém, da educação dos filhos, apesar de pouco terem estudado pela ausência de professores: o único professor de Caçapava era um sapateiro pouco mais que alfabetizado. Independente do lado em que lutavam, Anna Joaquina sempre deu abrigo a soldados feridos e cansados.
Filho desse casal, o Major José Luis Osório nasceu a 2 de março de 1810 em Conceição do Arroio (hoje Osório, em homenagem a seu irmão, o General Osório), e foi batizado aos 20 dias de idade na igreja de N.Sª da Conceição. Na Guerra dos Farrapos, em 1835, lutou como legalista ao lado de seu pai e de seu irmão, o futuro General Osório, desarmando e prendendo Corte Real, quando Manuel Luis recebeu os ferimentos causadores de sua morte. 
Major José Luis Osório
Reformando-se como Major, estabeleceu-se José Luis em Caçapava do Sul como estancieiro e agricultor, casando com Florinda Fausta da Rocha, filha de Antônio da Rocha e Souza, e de Maria Antônia da Silva, em 29 de agosto de 1843. Florinda, nascida em 1822 em Bagé-RS, faleceu em 29 de maio de 1858 em Caçapava do Sul.
Nossa Senhora da Assunção de Caçapava é uma povoação que, como tantas outras do Rio Grande, terá nascido de uma capela que a piedade dos primeiros colonizadores terá erguido em nome da devoção cristã. Situada na terra do mesmo nome, encolhe-se dentro de uma ferradura de despenhadeiros, deixando apenas uma saída por onde fogem o Irapuá e o Santa Bárbara que, depois de formarem aprazíveis várzeas, vão pagar o tributo das águas do Jacuí. Ponto estratégico por natureza – como assevera Guerreiro Lima (Noções de Geografia, pág.158), localidade agrícola e criadora – aí Manoel Luis, avô de Pedro Osório, criara a sua estância, mais “um fogão perdido no espaço imenso”.

            Quando o povoado ia festejar o jubileu dos quarenta anos, a 9 de junho de 1854, nasceu na estância do Major José Luis Osório e D.Florinda da Rocha Osório aquele a que a lembrança, ou a homenagem do acaso, deu o nome de um dos bravos imigrantes açorianos: Pedro Luis da Rocha Osório, o oitavo dos dez filhos de José Luis e Florinda.

José Luis Osório faleceu em 1868, deixando os seguintes filhos:

  1. Manuel Luis da Rocha Osório, general, nasc.30/05/1844 e fal.27/03/1893.
  2. Maria Luisa da Rocha Osório, nasc.14/06/1845.
  3. José Luis da Rocha Osório, coronel, nasc.04/03/1847 e fal.22/02/1921.
  4. João Carlos da Rocha Osório, tenente, nasc.22/04/1848 e fal.17/06/1893.
  5. Antônio Luis da Rocha Osório, nasc.24/02/1850.
  6. Eufrásia da Rocha Osório, nasc.22/06/1851 em Caçapava do Sul-RS.
  7. Rosa Luisa da Rocha Osório, nasc.27/09/1852.
  8. Pedro Luis da Rocha Osório, coronel, nasc.09/06/1854, fal.28/02/1931.
  9. Tomas Luis da Rocha Osório, nasc. em 1855, Caçapava do Sul-RS, fal.em 24/09/1877 em D.Pedrito-RS.
  10. Florindo Benonimo da Rocha Osório, nasc.28/05/1858.



sexta-feira, 13 de abril de 2012

OS OSÓRIO - I

Cel.Pedro Luis da Rocha Osório

Os Osório - I

Tomaz e José Luis Osório, irmãos militares portugueses descendentes das mais ilustres famílias espanholas, na época em que Portugal e Espanha fixavam os limites de suas possessões na América, aportaram na Província de São Pedro do Sul, Brasil, em 15 de agosto de 1737. Seguindo no mesmo barco para a Colônia do Sacramento, lá chegaram no dia 01 de novembro do mesmo ano acompanhando seu tio, Cel.Diogo Osório Cardoso, que tinha a missão de organizar um corpo de Dragões. O coronel recebeu ordens para se tresladar com seus oficiais para o Presídio de Rio Grande (presídio não era prisão, mas um posto militar para defesa dos territórios de Portugal).
            No fastígio da árvore da família Osório, secular, sobrepairam o vulto de Osório – guerreiro e general – e, pouco mais abaixo, o espírito dos dois Fernandos – repúblicos e historiadores – ao lado de Pedro Osorio - que foi grande pelo trabalho e pelo coração.”(Darcy Rebello)
“A família dos Osórios – diz o Visconde Sanches de Baena - é uma das mais antigas e ilustres de Espanha, traz sua origem do Conde D.Guterre Osório, do tempo de Mauregato (rei de Oviedo e de Leão), cujo filho Conde D.Osório veio povoar a Portugal e, suposto, seus descendentes largaram o apelido por outros que tomaram, como se observa no Conde D.Pedro, os de seu irmão, outro D.Guterre Osório, que ficou em Castela, o continuaram. E dela procedem naqueles reinos as maiores casas que neles há”. (Arquivo Herádico-Genealógico, apud História do General Osório, 1º vol., pág.51)
            Tomaz Luis Osório, o primeiro dono das terras onde se inclui Pelotas, por acusação de proteger a um jesuita secularizado teve de, anos mais tarde, retornar a Portugal, onde foi enforcado inocente nas mãos da justiça herética do Marquês de Pombal.
 O tenente José Luis Osório, aqui reformado e casado, localizou-se no povoado de Nossa Senhora da Conceição do Arroio, hoje município de Osório. Seu filho Thomaz Luis Osório, que deveria consorciar-se com a açoriana Rosa Joaquina de Sousa, nascida em Rio Grande, casou-se em Mostardas-RS (07/01/1780) com Rosa Inácia Joaquina Pereira de Souza, com quem teve 6 filhos, sendo a segunda Anna Joaquina Luisa Osório, a futura avó de Pedro Osório.
            “E tambem séculos passaram imperceptìvelmente, desde que as náus portuguesas trouxeram daquele arquipélago rochoso perdido na imensidão do Atlântico os primeiros casais açorianos, entre 1750 e 1753, pobres colonos que, depois daquela hesitação natural com que a terra e os costumes enlaçam o homem, teriam resolvido atirar-se à aventura do oceano a fim de buscar no Mundo Novo a fé e a esperança em dias melhores.” (Darcy Rebello)

Manoel Luis da Rocha Osório e sobrinhos
            Confundidos entre êles, instalaram-se na Ilha de Santa Catarina, em outro Nossa Senhora da Conceição – Conceição da Lagoa – os Osório que vinham dos Açores, da Ilha de São Jorge. Ali nasceu Pedro Luis (1752) que, casado com Maria Rosa (uma catarinense de origem lusitana), teve 11 filhos. Entre os afazeres da terra e da família passou a vida inteira. Manoel Luis, seu filho militar, aos 16 anos de idade teve a má sorte – ou a providência – de afrontar um superior que maltratara um camarada de armas, e se viu obrigado a fugir para o Rio Grande do Sul onde, “esfarrapado, faminto e quase extenuado pela fadiga, foi bater por acaso à porta do Tenente Tomaz Luis Osório” (Hist.Gen.Osório, pág.41), que lhe deu emprego e de quem, por seu procedimento, conquistou a estima e a admiração.





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